Hiran Araújo (pesquisador de Carnaval) ao se referir aos sambas dos anos 30 e 40 relata : “... podemos afirmar que o samba de enredo ainda não existia como gênero musical, simplesmente porque não havia a obrigatoriedade de contar o enredo. Entretanto, é preciso se reconhecer que, tomando como exemplo os ranchos carnavalescos, as escolas de samba começaram a tentar contar uma história em suas apresentações (nos adereços, nas fantasias, nos sambas)”.
Os sambas eram vários em cada desfile, e eram em grande parte versados. O tema principal era exposto e os mestres-de-canto versavam de improviso, sendo eles, por isso mesmo, figuras de grande destaque das escolas de samba daqueles anos.
O primeiro carnaval oficial, de 1935, trouxe uma profunda mudança no rumo dos desfiles por atingir a forma de composição e do canto do samba das escolas.E isto foi trazido pelo novo regulamento estabelecendo como quesitos obrigatórios: bateria, samba, originalidade, harmonia, e letra de versos. Este último quesito acabou por eliminar o quesito versadores. Com o passar dos anos, o samba-enredo ganhou uma batida mais acelerada que outros sambas o que ajuda as escolas a desfilarem no tempo previsto
Destoando da maioria dos pesquisadores, alguns autores contestam que “O mundo do samba” (Unidos da Tijuca, 1933) e “Teste ao samba” (Portela, 1939) sejam as composições inaugurais do gênero. Isso porque, embora se enquadrem no critério intrínseco – ou seja, versem sobre o enredo -, têm estrutura musical similar à dos sambas de quadra.
“Antes de o formato se consolidar, houve oscilações. O samba de enredo passou por um processo de formação, para se diferenciar dos sambas de terreiro”, afirmam Mussa e Simas, que classificam “61 anos de República” (Império Serrano, 1951), de Silas de Oliveira, como o marco de uma tipicidade formal: “A partir dele, passa a ser impossível confundir um samba de enredo com qualquer outro gênero de samba.
A Nenê da Vila Matilde foi pioneira na implementação de elementos cariocas em seus desfiles, já que o líder maior da agremiação tinha familiares na capital fluminense e pode ter contato com as principais escolas de lá. Seu Nenê admirava muito as agremiações cariocas e sempre buscou inspiração nelas. Assim, quando o regulamento do carnaval oficializado paulistano forçou as agremiações a adaptarem-se à nova realidade dos concursos carnavalescos, a escola de samba Nenê de Vila Matilde saiu na frente, pois já possuía diversos elementos cariocas, como ala de baianas, mestre-sala e porta-bandeira e um ritmo mais próximo do samba típico do Rio de Janeiro. “Seu Nenê” ganhou o seu primeiro título em 1956, quando trouxe para a avenida o primeiro samba-enredo da história do carnaval de São Paulo, com o nome “Casa Grande e Senzala’
O pesquisador de música Assis Brasil, afirma que o samba-enredo da Peruche, de 1969, teria sido o 1º samba-enredo paulistano gravado. “História da Casa Verde” o nome do samba, criado por Geraldo Filme e Benedito Lobo, baseado no livro homônimo de Aureliano Leite.
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